Pacotaço de Maldades do Gean: A patrola dos ricos esmaga direitos e pilha o bem comum do povo de Florianópolis

25 jan

O prefeito Gean Loureiro (DEM) enviou à Câmara um “Pacotaço de Maldades” durante o recesso, em regime de urgência. Neste pacote, verdadeiro presente de grego para a cidade, está incluído o corte de direitos de trabalhadoras e trabalhadores da Prefeitura Municipal de Florianópolis, terceirização das atividades da Comcap, que leva à privatização, alteração no Plano Diretor, venda de terrenos públicos e inclusão de entidades empresariais no Conselho Municipal de Educação, além da mudança no seu formato, onde perde o caráter deliberativo.

No dia 18/01, por 14 votos a 8, a base de apoio de Gean na Câmara rejeitou o requerimento da Bancada da Frente Popular (Afrânio – PSOL, Coletiva Bem Viver – PSOL, Marquito – PSOL, Carla Ayres – PT) para suspender a convocação extraordinária do prefeito e aprovou a tramitação do pacotaço, em regime de urgência. No dia 21/01, a presidência da Câmara encerrou a reunião da Comissão Especial sobre o assunto, em apenas 3 minutos, passando por cima de qualquer discussão. A votação já está marcada para amanhã, dia 26/01 às 9 horas. Horário desmobilizador, que impede a participação dos e das trabalhadoras.

Requerimento da Bancada da Frente Popular, rejeitado pela Câmara. Fonte: site do Vereador Afrânio – PSOL.



Em plena pandemia e durante o recesso, a base de apoio de Gean está louca para mostrar serviço. A história nos ensina que, quando os políticos da direita trabalham pra valer, é para satisfazer os desejos dos que se arrogam donos da cidade: a classe dominante, os de cima, especialmente aqueles que financiaram suas campanhas. Não é a toa que suas entidades de classe, como a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) e a ACIF (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis) logo divulgaram notas em apoio. Bem como a ONG chapa-branca dos interesses empresariais Floripa Amanhã e os já tradicionais jornalistas vendidos da grande mídia (NSC e NDMais, a segunda em destaque).

O projeto ataca a vida da gente em diferentes níveis: trabalho, moradia, coleta de resíduos, educação e direito à cidade. Em termos de direito à cidade, tema que mais dialoga com a história do nosso Movimento, o retrocesso é brutal. Começa pela venda de 54 imóveis do município, que totalizam 39 mil metros quadrados, localizados principalmente nas valorizadas praias do norte da Ilha, com terrenos estimados pela Prefeitura em R$ 5 milhões. Esta verdadeira pilhagem visa tirá-los do povo e entregá-los para mãos privadas estes espaços, que poderiam se tornar áreas verdes de lazer, hortas urbanas, praças, parques, espaços de socialização e instalação de infraestrutura pública para tod@s.

Fonte: Abaixo assinado criado pelo mandato agroecológico.



Já as alterações no Plano Diretor trazem o engodo de sempre, prometendo mais empregos em troca de mais facilidades para construir, removendo “burrocracias” (na visão do prefeito) e combatendo o “crescimento desordenado”, facilitando a demolição de obras irregulares, principalmente as de baixa renda, aquelas completamente abandonadas pelo prefeito da maldade e que tem sofrido com despejos ilegais e violentos nas ocupações dos que lutam por moradia. As grandes empresas de construção civil e a especulação imobiliária, aliadas do prefeito, desde o primeiro mandato, brilham os olhos com estas mudanças de legislação e com a venda dos terrenos públicos em áreas nobres, ampliando sua área de atuação.

Bairro Saco Grande, foto de alguns anos atrás. Região tem recebido grandes obras corporativas. Fonte: Divulgação da grande imprensa de como investir em Florianópolis.


Se hoje os habitantes de Florianópolis sofrem com a intensa chuva, é também por causa da  falida visão de “progresso” propagandeada ao longo de tantos anos e gestões de direita. Toneladas de concreto, “asfaltaço” sem sistemas de drenagem e cobrindo bueiros, onde se gastou mais de 300 milhões, e com construções em cima de áreas de preservação ambiental e a ausência de saneamento básico. É esta política urbana imposta por uma “burrocracia” nada democrática a responsável pelo caos em que vivemos hoje, a mesma que querem impor nos emblemáticos projetos de hotel na Ponta do Coral ou da Megalo-Marina na Beira Mar.

Asfaltaço entre SC401 e Cacupé. Blog do Paulo Matias


A especulação imobiliária, combinada à ausência total de políticas públicas para habitação, faz com que as pessoas se sujeitem a residir precariamente em morros e áreas de risco, o que invariavelmente levam a mortes, como a de uma mãe, Ana Cristina Martins Lopes e sua filha Letícia Lopes Machado, vítimas de um deslizamento de terra no Morro do Caju, no bairro Saco Grande. Este é o povo que é julgado e condenado pelos veículos de mídia da cidade em seus editorais sobre “crescimento desordenado”, sem nunca citar os grandes empresários e políticos que planejam a cidade para interesse próprio.


Deslizamento causa morte de mãe e filha no Morro do Caju, bairro Saco Grande. De costas para as grandes empresas que ficam no pé do morro (SC-401). Fonte: Defesa Civil.


A patrola do Gean e seus asseclas, comandada pelos magnatas, só poderá ser detida pela organização e a mobilização popular permanente. É por isto que declaramos nosso apoio aos trabalhadores e trabalhadoras da Comcap que, há 45 anos, zelam para que a cidade continue limpa e bem cuidada e que, agora, resistem bravamente em uma greve contra o pacotaço, assim como o Movimento de Luta pela Moradia, que tem resistido bravamente, fazendo mobilização de rua inclusive durante a pandemia.

Trabalhadores da Comcap em greve. Fonte: Redes sociais Sintrasem..
Trabalhadores da Comcap em marcha na Ponte Colombo Sales. Fonte: Redes sociais Sintrasem.



Devemos apoiar estas lutas de diferentes formas, construindo o poder popular para resistir à destruição de nossos direitos. Assim, passaremos a fazer valer nossas pautas, para que o velho grito de guerra “ilha da magia, ela é do povo, não é da burguesia” seja real.

Movimento de Luta por Moradia nas ruas contra os despejos. Fonte: Redes sociais ocupação Marielle Franco.



Pelo Direito à Cidade e justiça social com equidade!

Movimento Ponta do Coral 100% Pública

Abaixo, algumas referências, que ajudaram a embasar este texto, para entendermos o que está em jogo nos diversos níveis:

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  2. Relato do ato Tecendo Redes pela preservação da Magia da Ilha – Tecendo Redes - 10/10/2021

    […] O ato foi realizado como atividade da Campanha SOS Ilha da Magia: Gean, quem vai pagar a conta da destruição ambiental?, que colocou outdoors na rua, denunciando os crimes ambientais que estão ocorrendo, dado que a política do Prefeito, alinhada à política nacional, tem sido “passar a boiada”, ou melhor, a patrola, do norte ao sul da cidade para beneficiar a especulação imobiliária, o turi…. […]

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